terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Leituras e aplicação do Método Clínico


Afinal o que seria o “Método Clínico”? Após a aula presencial onde a da professora Darli Collares explanou sobre o tema fomos desafiados a aplicar o teste clínico com um aluno. Witmer, psicólogo norte-americano foi o primeiro a adotar o termo que serviria para prevenir e tratar indivíduos com possíveis problemas mentais e/ou crianças com dificuldades escolares.
Para Piaget o “Método Clínico” é a análise da gênese e também das peculiaridades do conhecimento. Uma investigação acerca do conhecimento do ser humano, como este é construído, abandonando um estágio de inteligência inferior e adquirindo um estágio superior.
Permeada por dúvidas e insegurança realizei o teste com um menino de 6 anos matriculado e que freqüenta regularmente o primeiro ano do ensino fundamental. Este aluno em poucos meses de vida escolar já é tachado como “aluno problema”, pois não consegue contar nem até dez, tem dificuldade de relacionamento e não consegue ficar sentado na cadeira.
Apliquei primeiramente o teste de “Conservação da Massa (quantidades contínuas)”, neste teste o material utilizado é massa de modelar. Inicialmente formei duas bolinhas de massa de modelar iguais no formato, porém de cores diferentes, perguntei para o menino se tinham a mesmo tamanho, ele respondeu que não a bolinha de cor vermelha era maior, questionei como ele chegou esta conclusão. Ele prontamente me respondeu que foi por causa da cor que vermelho é uma cor muito forte. Em seguida transformei a bolinha amarela em salsicha e repedi a pergunta, ele novamente afirmou que a vermelha era maior pelo mesmo motivo. Neste momento percebi insegurança em minha postura e fiquei perdida sem saber como questioná-lo.
A prova seguinte foi de classificação, utilizei conjuntos de brinquedos de plástico como baldinhos, apitos, peões, pentes, etc. Por ansiedade não permiti que ele manipulasse os objetos, fui logo pedindo que ele os organizasse. Ele prontamente resolveu como organizaria os objetos. Ele resolveu organizá-los por “amigos”, objetos iguais juntos. Ele tem uma noção de quantidade quando perguntei a quantidade de objetos que tinha, ele respondia se muitos sete, se poucos dois.
Preliminarmente imaginei fazer uma entrevista clínica semi-estruturada com perguntas básicas que seriam ampliadas e complementadas de acordo com as respostas do menino, porém não consegui seguir o script. As respostas na entrevista clínica deveriam ser desencadeadas a partir das minhas perguntas. Porém percebi que as respostas foram influenciadas por minhas intervenções. Acredito que os principais erros cometidos na entrevista clínica foram os objetivos imprecisos, além é claro da forma insegura de perguntar, diversas vezes induzindo e direcionando as respostas do menino. Não consegui avaliar a clareza e a segurança das respostas do menino e tão pouco realizar contra-argumentações.
Ao realizar está primeira tentativa de realizar o teste do Método Clínico de Jean Piaget foi uma proposta riquíssima que nos possibilitou um dialogo diferente com uma criança, o raciocínio infantil me fascinou. Dedicar este momento para descobrir o que passa naquela cabecinha tão inquieta foi gratificante.

Disponível em:<https://i.ytimg.com/vi/K_-Hl8NzQAo/hqdefault.jpg> acesso em 12 dez 2017.

Referência:
DELVAL, Juan. Introdução à prática do método clínico. Descobrindo o pensamento das crianças. Porto Alegre: ARTMED, 2002.

MARQUES, Tania B. I. Sobre a aplicação das provas operatórias. Porto Alegre: 2015.

MARQUES, Tania B. I. Método clínico piagetiano: Exemplo de transcrição. Porto Alegre: 2015.


MARQUES, Tania Beatriz Iwaszko. PROVAS OPERATÓRIAS. Disponível em: <https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2211402/mod_resource/content/1/Apostila%20M%C3%A9todo%20cl%C3%ADnico.%20Provas%20operat%C3%B3rias%20de%20Tania%20B.I.%20Marques%20e%20J%C3%BAnior%20S.Frezza.pdf> acesso em 05 dez 2017.