terça-feira, 24 de abril de 2018

COMÊNIO E A DIDÁTICA



Após as leituras conheci Comênio o primeiro teórico a considerar não somente os sentimentos infantis, mas também sua inteligência. Fazia interseções argumentativas que as crianças deveriam ser respeitadas e principalmente consagradas como seres inteligentes, com sentimentos limites e aptidões.
Este teórico também considerava que a educação é direito de todos. É inacreditável perceber que a trezentos anos atrás existiu alguém motivado a melhorar não somente o trabalho do professor, mas também estimulado a favorecer o interesse e criatividade dos alunos.
Este tema tão atual que foi luta de Comênio e permanece sendo incompreendido por muitos. Compreender a individualidade de cada aluno ainda é um tabu, suas vontades são colocados de lado perante a infinita quantidade de conteúdos que deveram ser repassados e avaliados.
O importante para Comênio seria orientar o que realmente tem valor para a vida e não somente o que é considerado importante para a escola. Seu pensar foi e ainda é inovador. Me questiono porque a maioria dos educadores são avessos a este modelo de educação que valoriza e procura motivar o aluno a pensar, que este aluno comporte-se como ator e não como mero espectador da sua aprendizagem.
Os instrumentos didáticos apresentados por Comênio em “Orbis Sensualium Pictus” (O mundo desenhado) para alfabetização é utilizado até hoje. São abecedários ilustrados, com frase simples e desenhos. Esta técnica estimula a memorização através da visualização.Confesso que alfabetizar não faz parte da minha prática pedagógica, porém valorizar e compreender a bagagem de cada aluno fazem parte do minha metodologia de ensino e aprendizagem. Gosto de motivar e usar de muitas técnicas que despertem a vontade de falar.
Por vezes tenho que desenvolver aulas extremamente tradicionais visto que respeitar a hierarquia é a grande pedra no sapato de muitos professores. Acredito que um relacionamento de respeito mutuo de conversas, saídas de campo são elementos cruciais para a efetivação da aprendizagem.
Para ele o ponto de partida da aprendizagem deve ser sempre o conhecido: ir do simples para o complexo, do concreto para o abstrato. No seu livro Orbis Pictus, "o mundo das coisas visíveis em figuras" ele elabora um texto em que cada passo é relacionado com ilustrações. Daí já percebe-se a sua atenção em buscar procurar opções atrativas, interessantes que iram ser marcantes e principalmente prazerosas para aprendizagem.
Almejo ser lembrada como alguém que proporcionou o alto conhecimento, que motivou a auto-aprendizagem e a inquietação por aprender e se descobrir como ser capaz de traçar seus próprios caminhos.
 
DOLL, Johannes; ROSA, Russel Teresinha Dutra da. A metodologia tem história. In: _______ (orgs.). Metodologia de Ensino em Foco: práticas e reflexões. Porto Alegre: UFRGS, 2004, p.26-29

GASPARIN, João Luiz. Comênio ou da arte de ensinar tudo a todos. Campinas: Papirus, 1994. p. 41-42.

O Livro didático em Comênio. Disponível em: <https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2392872/mod_resource/content/1/O%20Livro%20did%C3%A1tico%20em%20Com%C3%AAnio.doc> acesso em 10 abr 2018.


Imagem diponível em: <https://www.google.com.br/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fi.ytimg.com%2Fvi%2F1G8mS3CPFZ0%2Fmaxresdefault.jpg&imgrefurl=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3D1G8mS3CPFZ0&docid=Ikh1PJ6CRaSNUM&tbnid=ZGSbDJriiivuoM%3A&vet=10ahUKEwioy4yYvrPaAhWGiJAKHUxTCqEQMwhTKBIwEg..i&w=1280&h=720&bih=602&biw=931&q=COM%C3%8ANIO%20E%20A%20DID%C3%81TICA&ved=0ahUKEwioy4yYvrPaAhWGiJAKHUxTCqEQMwhTKBIwEg&iact=mrc&uact=8> acesso em 11 abr 2018.

terça-feira, 17 de abril de 2018

“O menininho”

Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.
Quando o menininho descobriu que podia ir à sala caminhando pela porta da rua, ficou feliz. A escola não parecia tão grande quanto antes.
Uma manhã a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer um desenho.
“Que bom!”, pensou o menininho. Ele gostava de desenhar. Leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos... pegou sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar.
- Esperem, ainda não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, nós iremos desenhar flores.
E o menininho começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul.
- Esperem, vou mostrar como fazer.
E a flor era vermelha com o caule verde.
- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.
O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isto... virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora. Era vermelha com o caule verde.
No outro dia, quando o menininho estava ao ar livre, a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro.
“Que bom!” pensou o menininho. Ele gostava de trabalhar com o barro. Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar sua bola de barro.
- Esperem, não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora nós iremos fazer um prato.
“Que bom!”, pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.
- Esperem, vou mostrar como se faz. Assim... Agora vocês podem começar.
E o prato era fundo. Um lindo e perfeito prato fundo.
O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostava mais do seu, mas ele não podia dizer isso... amassou seu barro numa grande bola novamente e fez um prato fundo, igual ao da professora.
E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais as coisas por si próprio.
Então, aconteceu que o menininho teve que mudar de escola... 
Esta escola era ainda maior que a primeira.
Ele tinha que subir grandes escadas até a sua sala...
Um dia a professora disse:
- Hoje nós vamos fazer um desenho.
“Que bom!”, pensou o menininho. E esperou que a professora dissesse o que fazer. Ela não disse. Apenas andava pela sala. Quando veio até o menininho falou:
- Você não quer desenhar?
- Sim. O que é que nós vamos fazer?
- Eu não sei, até que você o faça.
-Como eu posso fazer?
- Da maneira que você gostar.
- E de que cor?
- Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber qual o desenho de cada um?
- Eu não sei!
E começou a desenhar uma flor vermelha com um caule verde...
Helen Buckley





A leitura deste conto “O menininho” de Helen Buckley me fez refletir e como poderia deixar de refletir sobre minhas práticas pedagógicas. Percebo muitos traços que aprendi com professores que na época de estudante eram detestáveis e que pratico hoje em dia.
Percebo que este professor e eu como pro0fessora tenho que me adequar a regras e a padronizações impostas pela coordenação pedagógica da escola. Somos educadores mais infelizmente não temos autonomia para desenvolver nosso trabalho.
Meu desafio perante inúmeros meninos e meninas como o do texto é perceber que estou seguindo o sistema que na maioria das vezes não concordo, porém sou servidora e preciso garantir meu ganha pão. Vez por outra sou vista como professora “maluquinha” e até mesmo transgressora, mas me permito deixar as imaginações e criatividades fluírem.
Procuro escutar meus alunos, respeitar seus anseios. Percebo que os alunos adoram estar fora da sala de aula, de atividades como: saída de campo, ou até mesmo se sentarem em circulo para conversarmos, serem ouvidos.
Percebo que a descontração, a informalidade, a quebra de padrão faz com que eles se sintam valorizados e respeitados.
Na minha prática pedagógica gostaria de ser lembrada, por dar asas a imaginação. Não quero ser igual a meus pares repletos de regras, agressividade e ódio no coração. Quero ser encontrada na rua abraçada, receber abraços calorosos e principalmente ser o exemplo de alegria e perseverança.

BUCKLEY, Helen. O menininho. Disponível em: <https://moodle.ufrgs.br/course/view.php?id=51543> acesso em 11 abr 2018.

terça-feira, 10 de abril de 2018

Memórias Tecnológicas


A Interdisciplina Educação e Tecnologias da Comunicação e da Informação propôs revisitar nossas lembranças, nossas memórias tecnológicas usadas na época das nossas primeiras aprendizagens. Nos reunirmos em grupo e o nosso grupo têm a mesma

faixa etária e, portanto vivenciou e fez uso de praticamente todos os mesmos recursos didáticos. Percebemos que estes recursos eram utilizados não somente para ilustrar e diversificar as aulas mas para também desenvolver novas habilidades.

Ao debatermos o assunto, ocorreu aquele momento de saudosismo a lembrança e até mesmo nosso olfato entrou no debate. Impossível não recordar das folhas mimeografadas que eram utilizadas para avaliações e para atividades de motricidade, recorte etc, que também serviam para registro e comprovação de aprendizagem.
A lousa verde ou negra enorme e nós tão pequeninas onde eram escritos com giz os conteúdos e explicações - garantir o registro do conteúdo.
Num momento de maior ludicidade o aparelho toca discos entrava em cena com músicas, hinos ou áudio de historias naqueles discos de vinis pequenos e coloridos.
Estes materiais eram no ambiente escolar como facilitadores das didáticas da época com as intencionalidades pedagógicas eram mostrar outras possibilidades de ensino e aprendizagem.
Na atualidade estes singelos objetos arcaicos são ofuscados pelas ferramentas tecnológicas como computador, notebook, vídeo, data show, aparelho celular, câmera fotográfica, gravador de vídeo, etc.
Percebemos que esta variedade de objetos por vezes torna o estudante avesso à criatividade, tudo parece não ter graça, não traz motivação.

Imagens:


Disponível em: <http://anacaldatto.blogspot.com.br/2014/08/lembra-dos-disquinhos-de-historia.html> acesso 08 abril 2018.
Disponível em: <http://cartacampinas.com.br/wordpress/wp-content/uploads/CAM02477.jpg> acesso 08 abril 2018.