terça-feira, 17 de abril de 2018

“O menininho”

Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.
Quando o menininho descobriu que podia ir à sala caminhando pela porta da rua, ficou feliz. A escola não parecia tão grande quanto antes.
Uma manhã a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer um desenho.
“Que bom!”, pensou o menininho. Ele gostava de desenhar. Leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos... pegou sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar.
- Esperem, ainda não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, nós iremos desenhar flores.
E o menininho começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul.
- Esperem, vou mostrar como fazer.
E a flor era vermelha com o caule verde.
- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.
O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isto... virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora. Era vermelha com o caule verde.
No outro dia, quando o menininho estava ao ar livre, a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro.
“Que bom!” pensou o menininho. Ele gostava de trabalhar com o barro. Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar sua bola de barro.
- Esperem, não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora nós iremos fazer um prato.
“Que bom!”, pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.
- Esperem, vou mostrar como se faz. Assim... Agora vocês podem começar.
E o prato era fundo. Um lindo e perfeito prato fundo.
O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostava mais do seu, mas ele não podia dizer isso... amassou seu barro numa grande bola novamente e fez um prato fundo, igual ao da professora.
E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais as coisas por si próprio.
Então, aconteceu que o menininho teve que mudar de escola... 
Esta escola era ainda maior que a primeira.
Ele tinha que subir grandes escadas até a sua sala...
Um dia a professora disse:
- Hoje nós vamos fazer um desenho.
“Que bom!”, pensou o menininho. E esperou que a professora dissesse o que fazer. Ela não disse. Apenas andava pela sala. Quando veio até o menininho falou:
- Você não quer desenhar?
- Sim. O que é que nós vamos fazer?
- Eu não sei, até que você o faça.
-Como eu posso fazer?
- Da maneira que você gostar.
- E de que cor?
- Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber qual o desenho de cada um?
- Eu não sei!
E começou a desenhar uma flor vermelha com um caule verde...
Helen Buckley





A leitura deste conto “O menininho” de Helen Buckley me fez refletir e como poderia deixar de refletir sobre minhas práticas pedagógicas. Percebo muitos traços que aprendi com professores que na época de estudante eram detestáveis e que pratico hoje em dia.
Percebo que este professor e eu como pro0fessora tenho que me adequar a regras e a padronizações impostas pela coordenação pedagógica da escola. Somos educadores mais infelizmente não temos autonomia para desenvolver nosso trabalho.
Meu desafio perante inúmeros meninos e meninas como o do texto é perceber que estou seguindo o sistema que na maioria das vezes não concordo, porém sou servidora e preciso garantir meu ganha pão. Vez por outra sou vista como professora “maluquinha” e até mesmo transgressora, mas me permito deixar as imaginações e criatividades fluírem.
Procuro escutar meus alunos, respeitar seus anseios. Percebo que os alunos adoram estar fora da sala de aula, de atividades como: saída de campo, ou até mesmo se sentarem em circulo para conversarmos, serem ouvidos.
Percebo que a descontração, a informalidade, a quebra de padrão faz com que eles se sintam valorizados e respeitados.
Na minha prática pedagógica gostaria de ser lembrada, por dar asas a imaginação. Não quero ser igual a meus pares repletos de regras, agressividade e ódio no coração. Quero ser encontrada na rua abraçada, receber abraços calorosos e principalmente ser o exemplo de alegria e perseverança.

BUCKLEY, Helen. O menininho. Disponível em: <https://moodle.ufrgs.br/course/view.php?id=51543> acesso em 11 abr 2018.

Um comentário:

  1. Olá! O conto nos auxilia a fazer essa relação importantíssima que é o despertar da autonomia do aluno. Quando entregamos tudo pronto, realmente o aluno vai se acostumando e deixando de lado a sua criatividade. Devemos permitir que o aluno seja criativo e que a coordenação pedagógica não engesse as aulas dos professores com regras a serem seguidas sem permitir o professor o planejamento que deseja e as atividades que deseja provocar nos seus alunos. Tenho certeza que irá conseguir superar essa fase e irá aprender muito com tudo isso está vivenciado! Aguarde que novas oportunidades irá chegar!
    Att Glauber Moraes

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