Quando conclui minha formação, recebi o diploma e uma bagagem imensa de
teoria, porém ao adentrar em uma sala de aula como educadora me deparei com uma
realidade totalmente diferente daquela que poderia imaginar, até mesmo porque o
período de estágio, que teria a função de mostrar o que seria uma sala de aula
além dos livros, fui presenteada com uma turma modelo. Uma turma pensante,
independente e madura, a menina dos olhos de todos os aspirantes e veteranos
professores. Sem mencionar a escola, uma escola pública bem localizada,
organizada.
Sempre me visualizei como um professor reflexivo, por que desde que me
conheço sempre questionei tudo, sempre questiono o quê e o porquê das coisas, nunca
me conformei com o fracasso e sempre acreditei que tudo é possível, imaginava
tudo se transformando, modificando e melhorando. Porém na pratica esse
inconformismo me conduziu a grandes desafios e inúmeras dificuldades, até mesmo
algumas decepções por querer deixar de lado a prática pedagógica disciplinar e
inovar com a troca trabalhando interdisciplinaridade.
A prática pedagógica disciplinar
parte do pressuposto que aprender é separar, e nós preferimos estar no sentido
contrário, ou melhor, no sentido “horário” da complexidade e inteireza do
conhecimento. Prática esta que cada professor pode desenvolver sozinho de seu
modo sem sequer dialogar com pares da mesma área de atuação.
Já interdisciplinaridade desenvolve
e vivência a capacidade de organização, potencializa a criatividade, articula o
conhecimento de forma dialógica, promove a aproximação da comunidade interna e
externa, experimenta, de fato, o trabalho em equipe e possibilita a prática do
hábito da pesquisa. Porém neste modelo de trabalho o educador tem que dialogar
com colegas, direção, supervisão e até mesmo com os educandos.
Trabalhando nesta segunda metodologia acredito que ocorre uma
aprendizagem significativa dependendo é claro da disposição do aluno para
aprender, além da seleção de conteúdos. A aprendizagem desse conteúdo envolve a
realização de ações, é preciso fazer para aprender e seu domínio envolve o seu
uso e aplicação em diferentes contextos.
Porém como tornar uma sala e a aula mais dinâmicas,
favorecendo a realização de ações, e a promoção de vivências aos alunos, o
exercício de habilidades que levem a autonomia para analisar e criticar os
processos colocados em ação e seus resultados. Se todos os pilares da escola
não aceitam e não querem mudanças, não aceitam inovações.
Entendo que todos os educadores precisam compreender sobre estes modelos
e escolher aquele que melhor produza conhecimento no aluno. Contudo este mesmo professor precisa respeitar regras, a hierarquia e a organização da
escola. Não tenho dúvidas de que aluno gostaria de formar, de que metodologia
seria ideal para modificar nossa sociedade.
Porém a escola precisa ser que trabalhe a coletividade. Tenho convicção
que a prática aliada a pesquisa são fundamentais para a compreensão do que
está se fazendo. E se esta escola permitir em seu quadro um professor reflexivo irá formar indivíduos capazes, críticos e autônomos,
aptos a escreverem a própria história e certamente teremos um mundo melhor.
BECKER, F. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos. Texto em PDF, disponibilizado pelo autor.
ZABALA, Antoni. Respostas do ensino à dispersão do conhecimento: esclarecimento conceitual. In: EnfoqueGlobalizador e Pensamento Complexo. Porto Alegre:ArtMed, 2002. (p. 26-30)