Fernando Becker, no artigo “Modelos pedagógicos e
modelos epistemológicos” explanou sobre os modelos Empistas, Apriorista e
construtivista. Exemplificando e caracterizando-os.
Na epistemologia empirista, a única fonte de
conhecimento humano é a experiência adquirida em função do meio físico mediado
pelos sentidos. Na perspectiva empirista, o ensino se dá centrado no professor
que dita, fala, decide, ensina, pois crê que somente ele pode produzir algum
novo conhecimento no aluno. Este, por outro lado, só aprende se o professor lhe
ensina, lhe transfere o conhecimento.
Assim, o papel do aluno é escutar passivamente,
executar ordens em silêncio, quieto, repetindo quantas vezes for necessário, até
aderir em sua mente o conhecimento transmitido pelo professor. O sujeito
encontra-se, por sua própria natureza, vazio, como uma "tábula rasa",
uma folha de papel em branco.
Para Locke, o homem não pode atingir a verdade
definitiva, pois tem nos fatos, e não nele, a fonte principal para tal
explicação. Refuta a idéia das teorias inatas e com isso destaca a importância
da educação e da instrução na formação do homem.
A pedagogia para os empiristas é diretiva. O aluno
aprende se e somente se, o professor ensina.
O professor acredita no mito da transferência do
conhecimento. O professor possui o saber e detém o poder estabelecido por
hierarquia: "O professor ainda é um ser superior que ensina a ignorantes.
O educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do
educador" (Freire, 1985, p. 38).
Sintetizando: Neste modelo o professor é um
auxiliador do aluno, um facilitador, porque o aluno já traz um saber que
precisa, apenas trazer a consciência, o professor interfere o mínimo possível.
O professor deve ser um facilitador e auxiliador.
Por outro prisma a epistemologia apriorista opõe-se ao empirismo por
considerar que o indivíduo, ao nascer, traz consigo, já determinadas, as
condições do conhecimento e da aprendizagem que se manifestarão ou imediatamente
(inatismo) ou progressivamente pelo processo geral de maturação. Toda a
atividade de conhecimento é exclusiva do sujeito, o meio não participa dela.
Essas idéias inatistas seriam submetidas ao processo
maturacional de forma pré-determinada ou a priori. A base do apriorismo é,
portanto, que o sujeito está para o objeto, sem a interferência do meio.
A pedagogia apriorista é não-diretiva, difícil de
viabilizar, portanto não é fácil de detectar sua presença na prática da sala de
aula. O professor é um auxiliar do aluno, um facilitador.
O aluno já é um saber que ele precisa, apenas, trazer
à consciência, organizar, ou ainda, rechear de conteúdo. O professor deve
intervir o mínimo possível. Ou seja, para o professor o sujeito é determinado
pelo mundo, pelo objeto, somente será produzido novo conhecimento no aluno se o
professor ensinar. O professor deve estimular e motivar o aluno.
No construtivismo ou interacionismo representa uma
postura epistemológica que compreende a origem do conhecimento na interação do
sujeito com o objeto. Piaget traçou paralelos e analogias entre a Biologia e a
Psicologia e mostrou que a inteligência é o principal meio de adaptação do ser
humano. A inteligência não cria organismos novos, mas constrói mentalmente
estruturas suscetíveis de aplicar-se às estruturas do meio.
Ela constitui uma atividade organizadora cujo
funcionamento prolonga o da organização biológica e o supera, graças a
elaboração de novas estruturas. A epistemologia construtivista propõe que o
conhecimento não é dado como algo terminado, acabado. Um dos pressupostos do
construtivismo é que nossa estrutura cognitiva está configurada por uma rede de
esquemas de conhecimentos, os quais dependem do nível de desenvolvimento e dos
conhecimentos prévios do sujeito.
No construtivismo, o sujeito e o objeto não são
estruturas separadas, mas constitui uma só estrutura pela interação recíproca.
Nesse sentido, a fim de propiciar que o aluno seja ativo e protagonista, na
construção do conhecimento, surge a necessidade de o professor exercer um papel
igualmente ativo, pois é ele quem dispõe das condições para que o aluno acione
seus conhecimentos prévios, , o professor além de ensinar, aprende aquilo que o
aluno já construiu até o momento, quer dizer “quem ensina aprende ao ensinar e
quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 1996, p. 23).
Neste modelo o professor acredita que o
aluno aprenderá se ele agir e problematizar sua ação, ou seja, o conhecimento
se constrói na interação do sujeito com o objeto, o professor deve questionar e
desafiar o aluno. O ensino deveria ser de
maneira prazerosa e significativa para o aluno, partindo de suas vivências e
dos interesses. Sendo assim concordo que o conhecimento não possa transitar da
cabeça do professor para a cabeça do aluno.
Também não acredito na tese de que a
mente do aluno é uma tábula rasa frente ao conhecimento do novo, pois tudo que
o aluno já construiu serve de patamar para continuar a sua construção. O
professor além de ensinar, precisa aprender o que seu aluno já construiu até o
momento – condição prévia das aprendizagens futuras. O resultado desta sala de
aula é a construção e a descoberta do novo. Esta sala de aula não reproduz o
passado pelo passado, mas debruça-se sobre o passado porque aí se encontra o
embrião do futuro.
Segundo Becker o aluno hoje é
semelhante e diferente ao aluno de todos os tempos. Ele pergunta e se pergunta
é porque está sendo reprimido, interfere com muito mais desembaraço. Ele dispõe
de informações (TV, rádio, mídia impressa, internet, CDs, etc.) que vêm a ele
em tamanha quantidade – não necessariamente em qualidade - como jamais a
humanidade conheceu. E o modelo pedagógico relacional é o único que conseguirá
dar conta dessa demanda.
O que seria então uma escola
democrática, Rosanei Tosto em seu
artigo aponta como sendo “utopia ou realidade”, infelizmente ainda não temos
escolas totalmente democráticas. Os princípios de uma legitima escola
democrática seriam a real e efetiva participação de todos os cidadãos na tomada
de decisões. Que estes de fato e de direito fossem críticos e reflexivos, com
valores que permeiem os direitos humanos e assim sucessivamente transformassem
a sociedade.
Uma escola democrática
é uma escola que se baseia em princípios democráticos, em especial na
democracia participativa, dando direitos de participação iguais para
estudantes, professores e funcionários. Esses ambientes de ensino colocam os
alunos como os atores centrais do processo educacional, ao engajar estudantes
em cada aspecto das operações da escola, incluindo aprendizagem, ensino e
liderança. Os adultos participam do processo educacional facilitando as
atividades de acordo com os interesses dos estudantes. (TOSTO, p. 2)
A autora fala da Escola da Ponte
referência para todo o mundo e outras duas escolas que trabalham nesta linha
aqui no Brasil, que servem de pesquisas e referências.
Ao contrário da
metodologia tradicional aplicada na grande totalidade das escolas espalhadas
pelo mundo, essa escola adota uma metodologia democrática onde cada aluno é
único em seu aprendizado e por isso respeita-se o ritmo e as escolhas de cada
um. Inicialmente fundada por John Dewey, a teoria central que serviu de
inspiração para o surgimento da Escola da Ponte era denominada „escola
pragmática‟ – ou educação progressista – e tinha como princípio que os alunos
aprendem melhor realizando tarefas associadas aos conteúdos ensinados.
Atividades manuais e criativas ganharam destaque no currículo e as crianças
passaram a ser estimuladas a experimentar e pensar por si mesmas. Nesse
contexto, a democracia ganha peso, por ser a ordem política que permite o maior
desenvolvimento dos indivíduos, no papel de decidir em conjunto o destino do
grupo a que pertencem. Dewey defendia a democracia não só no campo
institucional, mas também no interior das escolas. (TOSTO, p. 8)
Segundo o autor Phillipe Áries, em
“Maquinaria Escolar” a concepção da infância nem sempre existiu, sua análise
histórica menciona o comportamento de famílias desde a Idade Média ocidental, e
relatou que a criança deste período era tratada como adulto.
Antes do século XVII as famílias não
davam atenção às crianças, que eram vistas como “adultos em miniatura”, as mães
logo após o nascimento entregavam os filhos as “amas de leite”. Não havia uma
preocupação dos pais em acompanhá-los e educá-los, não existia vínculos e
apegos afetivos como nos dias atuais.
A constituição de um novo conceito de
infância veio a se desenvolver somente a partir do século XVIII, quando a
infância e adolescência separam-se definitivamente que o bebe aparece como uma nova
figura e através das artes plásticas ligada a iconografia religiosa desde
finais da idade média começa a aparecer a infância e também seus direitos como
criança cidadã.
“...a
educação será um dos instrumentos chaves utilizados para naturalizar uma sociedade
de classes ou estamentos: existem diferentes qualidades de naturezas que exigem
programas educativos diferenciados. Em conseqüência se instituirão, pouco a
pouco, diferentes infâncias que abarcam desde a infância angélica e nobilíssima
do Príncipe, passando pela infância de qualidade dos filhos das classes
distinguidas, até a infância rude das classes populares. Não é necessário dizer
que os eclesiásticos prestarão especialíssima atenção as duas primeiras, ou
infâncias de elite, já que sua influência sobre elas é decisiva para a
conservação e extensão da fé e de seus próprios privilégios.” (VARELA, p. 05)
O texto de Lino de Macedo faz uma conexão entre
o construtivismo e a escola, esta relação é abordada com simplicidade
explicando a importância do método clínico para educação escolar e a formação
do sujeito crítico, que por vezes é incompreendido porque ser uma ação
induzida, porém que tem a capacidade de levar a criança a construir e
desconstruir hipóteses, mostrando o conhecimento prévio da criança. Também fala
do papel do professor o material que usa, disciplina em sala de aula e
avaliação. Caracterizando o construtivismo e sua função educacional. Sob ponto
de vista não-construtivista de modelos pedagógicos sem sentido e
descontextualizados do universo da criança, onde o objetivo é a transmissão de
conhecimento.
Referências:
BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e modelos
epistemológicos. Educação e Realidade,
Porto Alegre, p.89-96, 01 jun. 1994. Semestral. 19(1). Disponível em:
<https://pt.scribd.com/document/260250772/BECKER-Fernando-Modelos-pedagogicos-e-modelos-epistemologicos-2-pdf>.
Acesso em: 10 abr. 2018.
TOSTO, Rosanei. Escolas Democráticas Utopias ou
Realidade. Revista Pandora Brasil,
ISSN 2175-3318. v. 4. 2011. Disponível em: <http://docplayer.com.br/7270548-Escolas-democraticas-utopia-ou-realidade.html>.
Acesso em: 10 abr. 2018.
MACEDO, Lino de. O Construtivismo e sua função
educacional. Educação e Realidade,
Porto Alegre, p.25-31, 01 jun. 1993. 18(1). Disponível em: <https://www.ufrgs.br/psicoeduc/piaget/o-construtivismo-e-sua-funcao-educacional/>.
Acesso em: 10 abr. 2018.
VARELA, Julia et al. A Maquinaria Escolar. Teoria & Educação, São Paulo, n.
6, p.68-96, 1992. Disponível em:
<https://pt.scribd.com/doc/70553618/Julia-Varela-e-Fernando-Alvarez-Uria-Maquinaria-Escolar-1>.
Acesso em: 10 abr. 2018.