quinta-feira, 7 de junho de 2018

Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos


Fernando Becker, no artigo “Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos” explanou sobre os modelos Empistas, Apriorista e construtivista. Exemplificando e caracterizando-os.
Na epistemologia empirista, a única fonte de conhecimento humano é a experiência adquirida em função do meio físico mediado pelos sentidos. Na perspectiva empirista, o ensino se dá centrado no professor que dita, fala, decide, ensina, pois crê que somente ele pode produzir algum novo conhecimento no aluno. Este, por outro lado, só aprende se o professor lhe ensina, lhe transfere o conhecimento.
Assim, o papel do aluno é escutar passivamente, executar ordens em silêncio, quieto, repetindo quantas vezes for necessário, até aderir em sua mente o conhecimento transmitido pelo professor. O sujeito encontra-se, por sua própria natureza, vazio, como uma "tábula rasa", uma folha de papel em branco.
Para Locke, o homem não pode atingir a verdade definitiva, pois tem nos fatos, e não nele, a fonte principal para tal explicação. Refuta a idéia das teorias inatas e com isso destaca a importância da educação e da instrução na formação do homem.
A pedagogia para os empiristas é diretiva. O aluno aprende se e somente se, o professor ensina.
O professor acredita no mito da transferência do conhecimento. O professor possui o saber e detém o poder estabelecido por hierarquia: "O professor ainda é um ser superior que ensina a ignorantes. O educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador" (Freire, 1985, p. 38).
Sintetizando: Neste modelo o professor é um auxiliador do aluno, um facilitador, porque o aluno já traz um saber que precisa, apenas trazer a consciência, o professor interfere o mínimo possível. O professor deve ser um facilitador e auxiliador.
Por outro prisma a epistemologia apriorista opõe-se ao empirismo por considerar que o indivíduo, ao nascer, traz consigo, já determinadas, as condições do conhecimento e da aprendizagem que se manifestarão ou imediatamente (inatismo) ou progressivamente pelo processo geral de maturação. Toda a atividade de conhecimento é exclusiva do sujeito, o meio não participa dela.
Essas idéias inatistas seriam submetidas ao processo maturacional de forma pré-determinada ou a priori. A base do apriorismo é, portanto, que o sujeito está para o objeto, sem a interferência do meio.
A pedagogia apriorista é não-diretiva, difícil de viabilizar, portanto não é fácil de detectar sua presença na prática da sala de aula. O professor é um auxiliar do aluno, um facilitador.
O aluno já é um saber que ele precisa, apenas, trazer à consciência, organizar, ou ainda, rechear de conteúdo. O professor deve intervir o mínimo possível. Ou seja, para o professor o sujeito é determinado pelo mundo, pelo objeto, somente será produzido novo conhecimento no aluno se o professor ensinar. O professor deve estimular e motivar o aluno.
No construtivismo ou interacionismo representa uma postura epistemológica que compreende a origem do conhecimento na interação do sujeito com o objeto. Piaget traçou paralelos e analogias entre a Biologia e a Psicologia e mostrou que a inteligência é o principal meio de adaptação do ser humano. A inteligência não cria organismos novos, mas constrói mentalmente estruturas suscetíveis de aplicar-se às estruturas do meio.
Ela constitui uma atividade organizadora cujo funcionamento prolonga o da organização biológica e o supera, graças a elaboração de novas estruturas. A epistemologia construtivista propõe que o conhecimento não é dado como algo terminado, acabado. Um dos pressupostos do construtivismo é que nossa estrutura cognitiva está configurada por uma rede de esquemas de conhecimentos, os quais dependem do nível de desenvolvimento e dos conhecimentos prévios do sujeito.
No construtivismo, o sujeito e o objeto não são estruturas separadas, mas constitui uma só estrutura pela interação recíproca. Nesse sentido, a fim de propiciar que o aluno seja ativo e protagonista, na construção do conhecimento, surge a necessidade de o professor exercer um papel igualmente ativo, pois é ele quem dispõe das condições para que o aluno acione seus conhecimentos prévios, , o professor além de ensinar, aprende aquilo que o aluno já construiu até o momento, quer dizer “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 1996, p. 23).
Neste modelo o professor acredita que o aluno aprenderá se ele agir e problematizar sua ação, ou seja, o conhecimento se constrói na interação do sujeito com o objeto, o professor deve questionar e desafiar o aluno. O ensino deveria ser de maneira prazerosa e significativa para o aluno, partindo de suas vivências e dos interesses. Sendo assim concordo que o conhecimento não possa transitar da cabeça do professor para a cabeça do aluno.
Também não acredito na tese de que a mente do aluno é uma tábula rasa frente ao conhecimento do novo, pois tudo que o aluno já construiu serve de patamar para continuar a sua construção. O professor além de ensinar, precisa aprender o que seu aluno já construiu até o momento – condição prévia das aprendizagens futuras. O resultado desta sala de aula é a construção e a descoberta do novo. Esta sala de aula não reproduz o passado pelo passado, mas debruça-se sobre o passado porque aí se encontra o embrião do futuro.
Segundo Becker o aluno hoje é semelhante e diferente ao aluno de todos os tempos. Ele pergunta e se pergunta é porque está sendo reprimido, interfere com muito mais desembaraço. Ele dispõe de informações (TV, rádio, mídia impressa, internet, CDs, etc.) que vêm a ele em tamanha quantidade – não necessariamente em qualidade - como jamais a humanidade conheceu. E o modelo pedagógico relacional é o único que conseguirá dar conta dessa demanda.
O que seria então uma escola democrática, Rosanei Tosto em seu artigo aponta como sendo “utopia ou realidade”, infelizmente ainda não temos escolas totalmente democráticas. Os princípios de uma legitima escola democrática seriam a real e efetiva participação de todos os cidadãos na tomada de decisões. Que estes de fato e de direito fossem críticos e reflexivos, com valores que permeiem os direitos humanos e assim sucessivamente transformassem a sociedade.
Uma escola democrática é uma escola que se baseia em princípios democráticos, em especial na democracia participativa, dando direitos de participação iguais para estudantes, professores e funcionários. Esses ambientes de ensino colocam os alunos como os atores centrais do processo educacional, ao engajar estudantes em cada aspecto das operações da escola, incluindo aprendizagem, ensino e liderança. Os adultos participam do processo educacional facilitando as atividades de acordo com os interesses dos estudantes. (TOSTO, p. 2)
A autora fala da Escola da Ponte referência para todo o mundo e outras duas escolas que trabalham nesta linha aqui no Brasil, que servem de pesquisas e referências.

Ao contrário da metodologia tradicional aplicada na grande totalidade das escolas espalhadas pelo mundo, essa escola adota uma metodologia democrática onde cada aluno é único em seu aprendizado e por isso respeita-se o ritmo e as escolhas de cada um. Inicialmente fundada por John Dewey, a teoria central que serviu de inspiração para o surgimento da Escola da Ponte era denominada „escola pragmática‟ – ou educação progressista – e tinha como princípio que os alunos aprendem melhor realizando tarefas associadas aos conteúdos ensinados. Atividades manuais e criativas ganharam destaque no currículo e as crianças passaram a ser estimuladas a experimentar e pensar por si mesmas. Nesse contexto, a democracia ganha peso, por ser a ordem política que permite o maior desenvolvimento dos indivíduos, no papel de decidir em conjunto o destino do grupo a que pertencem. Dewey defendia a democracia não só no campo institucional, mas também no interior das escolas. (TOSTO, p. 8)

Segundo o autor Phillipe Áries, em “Maquinaria Escolar” a concepção da infância nem sempre existiu, sua análise histórica menciona o comportamento de famílias desde a Idade Média ocidental, e relatou que a criança deste período era tratada como adulto.
Antes do século XVII as famílias não davam atenção às crianças, que eram vistas como “adultos em miniatura”, as mães logo após o nascimento entregavam os filhos as “amas de leite”. Não havia uma preocupação dos pais em acompanhá-los e educá-los, não existia vínculos e apegos afetivos como nos dias atuais.
A constituição de um novo conceito de infância veio a se desenvolver somente a partir do século XVIII, quando a infância e adolescência separam-se definitivamente que o bebe aparece como uma nova figura e através das artes plásticas ligada a iconografia religiosa desde finais da idade média começa a aparecer a infância e também seus direitos como criança cidadã.
“...a educação será um dos instrumentos chaves utilizados para naturalizar uma sociedade de classes ou estamentos: existem diferentes qualidades de naturezas que exigem programas educativos diferenciados. Em conseqüência se instituirão, pouco a pouco, diferentes infâncias que abarcam desde a infância angélica e nobilíssima do Príncipe, passando pela infância de qualidade dos filhos das classes distinguidas, até a infância rude das classes populares. Não é necessário dizer que os eclesiásticos prestarão especialíssima atenção as duas primeiras, ou infâncias de elite, já que sua influência sobre elas é decisiva para a conservação e extensão da fé e de seus próprios privilégios.” (VARELA, p. 05)

 


O texto de Lino de Macedo faz uma conexão entre o construtivismo e a escola, esta relação é abordada com simplicidade explicando a importância do método clínico para educação escolar e a formação do sujeito crítico, que por vezes é incompreendido porque ser uma ação induzida, porém que tem a capacidade de levar a criança a construir e desconstruir hipóteses, mostrando o conhecimento prévio da criança. Também fala do papel do professor o material que usa, disciplina em sala de aula e avaliação. Caracterizando o construtivismo e sua função educacional. Sob ponto de vista não-construtivista de modelos pedagógicos sem sentido e descontextualizados do universo da criança, onde o objetivo é a transmissão de conhecimento.



Referências:
BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos. Educação e Realidade, Porto Alegre, p.89-96, 01 jun. 1994. Semestral. 19(1). Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/260250772/BECKER-Fernando-Modelos-pedagogicos-e-modelos-epistemologicos-2-pdf>. Acesso em: 10 abr. 2018.

TOSTO, Rosanei. Escolas Democráticas Utopias ou Realidade. Revista Pandora Brasil, ISSN 2175-3318. v. 4. 2011. Disponível em: <http://docplayer.com.br/7270548-Escolas-democraticas-utopia-ou-realidade.html>. Acesso em: 10 abr. 2018.

MACEDO, Lino de. O Construtivismo e sua função educacional. Educação e Realidade, Porto Alegre, p.25-31, 01 jun. 1993. 18(1). Disponível em: <https://www.ufrgs.br/psicoeduc/piaget/o-construtivismo-e-sua-funcao-educacional/>. Acesso em: 10 abr. 2018.

VARELA, Julia et al. A Maquinaria Escolar. Teoria & Educação, São Paulo, n. 6, p.68-96, 1992. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/70553618/Julia-Varela-e-Fernando-Alvarez-Uria-Maquinaria-Escolar-1>. Acesso em: 10 abr. 2018.

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