Imagem disponível em:<http://www.portalafricas.com.br/v1/wp-content/uploads/2015/11/racismo-13-12-13-615x340.jpg> acesso em: 28 nov 2017.
Um olhar para os lados sejam eles também
para o passado foi uma proposta de reflexão bem significativa que sempre fiz
silenciosamente, porém nunca coloquei no papel. E esta proposta de analise e
reflexão intitulada “Teste de pescoço” proporcionou um novo olhar, um olhar
cuidadoso e como também posso mencionar curioso.
Ao longo da minha vida acadêmica tive
duas professoras negras uma no ensino fundamental anos iniciais professora de
música e outra no ensino técnico professora de datilografia. No decorrer da
minha escolarização tive colegas negros, no ensino superior eles diminuíram
drasticamente, porém estávamos lá nos bancos acadêmicos três negras.
Atualmente estou cursando uma segunda
graduação e assim como na primeira não tenho nenhum professor ou tutor negro
visualmente, visto que temos negros de pele branca porém geneticamente negro,
quanto ao número de colegas posso afirmar que a quantidade aumentou
significativa. Como comprova MELLO:
O significativo aumento de
indivíduos negros no ensino superior é prova incontestável da necessidade de
políticas públicas voltadas para a diminuição das desigualdades raciais. O
índice de paridade racial no ensino superior, de acordo com dados divulgados
pela Fundação Carlos Chagas, passou de 0,25 no ano 2000, para 0,56 no ano de
2010. Assim, se em 2000 havia quatro estudantes brancos para cada estudante
negro, essa proporção se reduziu pela metade em 2010.
Onde leciono atualmente escola de ensino
fundamental somos duas professoras negras, porém por longos anos estive só,
minha escola não possui ações afirmativas significativas. Pretendo realizar
mestrado e doutorado e somar neste número tão singelo de professores negros nas
universidades brasileiras como dados apresentados por CARVALHO (2005, p.93):
Se juntarmos todos os
professores de algumas das principais universidades de pesquisa do país (por
exemplo, USP, UFRJ, Unicamp, UnB, UFRGS, UFSCAR e UFMG), teremos um contingente
de aproximadamente 18.400 acadêmicos, a maioria dos quais com doutorado3 . Esse
universo está racialmente dividido entre 18.330 brancos e 70 negros; ou seja,
entre 99,6% de docentes brancos e 0,4% de docentes negros (não temos ainda um
único docente indígena).
Conversando com minha tia que tem setenta
anos e estudou até o ensino fundamental em um distrito de Piratini chamado de
Cancelão. Ela relatou que sua escola, ou melhor, sua turma era multi seriada,
ou seja, vários anos na mesma turma. Sua professora era branca e a escola era
mista, porém a grande maioria era de alunos negros.
Ela estudou aproximadamente até o quarto
ano, por não existir ensino avançado no município e a necessidade latente de
trabalhar abandonou a escola com onze anos de idade. Também mencionou que
quando mudou para um município maior juntamente com a família que trabalhava,
sentiu vontade de estudar, porém não tinha horário disponível para tal, pois
como domestica era “a primeira a levantar e a ultima para deitar”.
Sinto tristeza e vitória em suas palavras,
pois devido ao esforço dela e de minha mãe que também não teve estudos além da
alfabetização e que assim como minha tia trabalhou como domestica, nós tivemos
acesso a educação superior.
Vou adotar em minha rotina e também
incentivar meus alunos a praticar o “teste do pesco”, com o intuito de
estimular e encorajar a preenchermos positivamente todos os locais de ascensão
e destaque.
Referências:
CARVALHO,
José Jorge de. O confinamento racial do mundo acadêmico brasileiro. Disponível
em: <https://www.revistas.usp.br/revusp/article/viewFile/13485/15303>
acesso em 23 out. 2017.
SANTOS,
Isabel Silveira dos Santos. Contando Outras Histórias Sobre a Educação De
Negros (As). Disponível em: < https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2192918/mod_resource/content/1/SANTOS%2C%20Isabel%20Silveira%20dos.%20Contando%20outras%20hist%C3%B3rias%20sobre%20a%20educa%C3%A7%C3%A3o%20de%20negros_as_%20FINALIZADO.pdf>
acessado em 23 out. 2017.
SILVEIRA,
Aline. A intelectualidade negra e a invisibilidade nos espaços acadêmicos.
Disponível em: <
http://blogueirasnegras.org/2014/10/28/a-intelectualidade-negra-e-a-invisibilidade-nos-espacos-academicos/>
acessado em 24 out. 2017.
MELLO,
Luciana Garcia de. Racismo de Estado e a produção de desigualdades raciais no
sistema educacional. Disponível em:
<https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2192919/mod_resource/content/1/Vers%C3%A3o%20final%20-%20Uniafro.pdf>
acessado em 23 out. 2017.
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